Porto, um Destino Turístico no rumo certo

14 Aprile, 2014

O Turismo é hoje, reconhecidamente, uma das principais atividades económicas do País. Tem peso económico, importância social e é um fator de desenvolvimento regional e de coesão territorial.

O Norte de Portugal tem vindo a assistir nos últimos anos a um crescimento do turismo, o qual se deve ao aumento da procura internacional.

Taxa crescimento dormidas em hotel_01

Taxa de crescimento média anual de dormidas em estabelecimentos hoteleiros na Região do Norte, 2008-2012. (Instituto Nacional de Estatística, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013)

Este crescimento decorre de vários fatores. Desde logo, pelos ativos territoriais da Região do Norte, que têm constituído (e constituem) inequívocos elementos de atração turística. Por outro lado, o Aeroporto Francisco Sá Carneiro e as Rotas aéreas criadas têm dado um contributo muito importante para esse desenvolvimento. Acresce a dinâmica dos atores privados do Turismo.

No contexto da Região do Norte, a frente atlântica do Porto, constituída por Porto, Gaia e Matosinhos, apresenta, no seu conjunto, recursos únicos que constituem uma base importante da oferta turística regional, nomeadamente o Centro Histórico do Porto – Património Mundial, o Rio Douro, as Caves do Vinho do Porto em Vila Nova de Gaia, a gastronomia e restauração de qualidade reconhecida, a arquitetura contemporânea (ex. Serralves e Casa da Música), o Terminal de Cruzeiros Turísticos Marítimos – Porto de Leixões, etc.

Porto_02_Rio Douro e Ribeira -

Cidade do Porto, Rio Douro e Ribeira. (© Vítor Devesa, 2013)

No que à oferta de alojamento diz respeito tem-se assistido na Região do Norte a um aumento quantitativo e qualitativo, designadamente ao nível da hotelaria e do Turismo em Espaço Rural. No caso do concelho do Porto, entre 2008 e 2012, o aumento foi de cerca de 1776 camas em estabelecimentos hoteleiros (Instituto Nacional de Estatística, 2013). No âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007-2013 foram aprovados (para a cidade do Porto) 44 projetos no valor de 80,4 milhões de euros relativos a investimentos privados na área do Turismo, dos quais 75,3% incidiram na componente de Alojamento. Na Região do Norte o investimento apoiado ascendeu a 450 milhões de euros (COMPETE – Programa Operacional Fatores de Competitividade, 2014). Estes investimentos privados traduziram-se numa melhoria muito significativa do parque hoteleiro regional, que tem permitido responder a uma procura crescente e cada vez mais exigente. A este nível o desafio que se coloca é o de potenciar/valorizar a capacidade instalada.

A par destes investimentos turísticos, os projetos de reabilitação urbanística, de qualificação dos recursos turísticos – naturais e histórico-culturais – e de melhoria do espaço público, contribuíram para uma melhoria inequívoca da oferta turística. Em suma, poderemos dizer que o Porto e a Região do Norte estão hoje mais qualificados do ponto de vista turístico, seja ao nível dos seus ativos territoriais, seja ao nível dos seus equipamentos coletivos ou das suas infraestruturas turísticas.

Porto_03_Ponte D Luís

Ponte D. Luís. (Créditos Município do Porto. Licença CC BY-NC-SA)

Em relação à procura turística, importa referir que o concelho do Porto é responsável por 40% das dormidas em estabelecimentos hoteleiros da Região do Norte. Ainda de sublinhar que 70% das dormidas no Porto têm origem no mercado internacional (Instituto Nacional de Estatística, 2013). Por outro lado, importa salientar que, entre 2008 e 2012, o concelho do Porto registou uma taxa de crescimento média anual (TCMA) de 4,7% nasdormidas em estabelecimentos hoteleiros. É, pois, um crescimento bem superior à média regional (1,7%) e nacional (0,3%). Dito de outro modo, nos últimos 5 anos o Porto cresceu o triplo da Região Norte.

Por fim, importa ainda ter presente as distinções de âmbito internacional que o Porto tem vindo a receber, sendo exemplo o seu reconhecimento como “Melhor Destino Europeu” pela European Consumers Choice, tendo alcançado o record de votação (em 2014). Pela 1ª vez foi o destino que ganhou 2 primeiros prémios nesta competição (2012 e 2014). De salientar igualmente a 2ª posição na lista TripAdvisor Traveler’s Choice como um dos 10 destinos europeus em ascensão (em 2013) e ainda o destaque atribuído pela Lonely Planet que coloca o Porto e o Douro no Top 10 dos destinos europeus em 2013.

A tabela seguinte sintetiza alguns dos principais factos e números relativamente ao turismo no Porto.

Factos e números do turismo_04

Principais factos e números do turismo no Porto. (Instituto Nacional de Estatística, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013; COMPETE – Programa Operacional Fatores de Competitividade, 2014)

Este trajeto de crescimento e reconhecimento internacional do turismo do Porto não deixa de colocar desafios para a sua sustentabilidade e competitividade.

Um desses desafios passa por assegurar a preservação e a valorização dos recursos histórico-culturais e naturais, que constituem a base de sustentação da atividade turística. Continuar o trabalho de qualificação e valorização do Centro Histórico do Porto – Património Mundial – e do espaço urbano afigura-se de especial relevância para reforçar a autenticidade e a atratividade turística da cidade do Porto e da Região do Norte.

Porto_05_Capa da Brochura

Capa da Brochura Porto e Norte de Portugal. (Créditos João Ferrand. Licença CC BY-NC-SA)

Trabalhar em diferentes escalas e estabelecer ligações/articulações de geometria variável é outra dimensão estratégica que deve ser considerada. Pensar e agir concertadamente com outros territórios em torno do turismo permite maior eficácia e eficiência no desenvolvimento de projetos e iniciativas comuns. A frente atlântica do Porto (Porto, Gaia e Matosinhos) é uma escala que deve ser desenvolvida e reforçada no quadro de uma visão regional. Os ativos turísticos de cada um dos concelhos valem por si, mas valem seguramente muito mais se trabalhados e apresentados em conjunto.

Outra escala de atuação reside no Eixo Património Mundial em torno do Vale do Douro. A conjugação dos 4 bens Património da Humanidade (Porto, Guimarães, Alto Douro Vinhateiro e Parque Arqueológico do Côa) é, de facto, uma mais valia que dá força ao conjunto e a cada um desses bens.

A promoção, a animação turística e a programação cultural são outros aspetos que não devem também deixar de ser considerados.

Estes e outros desafios devem fazer parte de uma estratégia de desenvolvimento turístico que defina as prioridades para o horizonte 2014-2020.

Bibliografia

  • Instituto Nacional de Estatística, I. P. 2009, Anuário estatístico da Região Norte = Statistical Yearbook of Northern Region, Instituto Nacional de Estatística, Lisboa.
  • Instituto Nacional de Estatística, I. P. 2010, Anuário estatístico da Região Norte = Statistical Yearbook of Northern Region, Instituto Nacional de Estatística, Lisboa.
  • Instituto Nacional de Estatística, I. P. 2011, Anuário estatístico da Região Norte = Statistical Yearbook of Northern Region, Instituto Nacional de Estatística, Lisboa.
  • Instituto Nacional de Estatística, I. P. 2012, Anuário estatístico da Região Norte = Statistical Yearbook of Northern Region, Instituto Nacional de Estatística, Lisboa.
  • Instituto Nacional de Estatística, I. P. 2013, Anuário estatístico da Região Norte = Statistical Yearbook of Northern Region, Instituto Nacional de Estatística, Lisboa.
  • COMPETE – Programa Operacional Fatores de Competitividade 2014, Projectos Aprovados QREN, Programa Operacional Factores de Competitividade, viewed 12 February 2014
  • <https://www.pofc.qren.pt/projectos/projectos-aprovados-qren>.

 


Head image: Ribeira. (Créditos Associação de Turismo do Porto e Norte, AR. Licença CC BY-NC-SA)


Article reference for citation:
Fazenda de Almeida Nuno, “Porto, um Destino Turístico no rumo certo”, PORTUS: the online magazine of RETE, n.27, May 2014, Year XIV, Venice, RETE Publisher, ISSN 2282-5789 URL: https://www.portusonline.org/porto-um-destino-turistico-no-rumo-certo/

error: Content is protected !!