The Port of Santos in the View of the Syndicate of Port Operators of São Paulo
Interview with Régis Gilberto PRUNZEL

29 Maggio, 2025


ENTREVISTADO | Régis Gilberto PRUNZEL, Presidente do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo

O Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo – SOPESP desempenha um papel crucial na representação e defesa dos interesses dos operadores portuários do Estado de São Paulo, o que inclui o porto de Santos e São Sebastião. Com 133 anos de história, o Porto de Santos é o mais importante do Brasil, registrando anualmente recordes de movimentação de cargas. O porto conta com 62 berços de atracação, 58 terminais e 66 operadores portuários.

Fundado há mais de 30 anos, o SOPESP nasceu com o objetivo de realizar negociação coletiva de trabalho com os sindicatos laborais, mas, ao longo do tempo, ganhou relevância e reconhecimento nacional, ampliando suas atividades e sua atuação no setor portuário.

Hoje, o SOPESP se destaca por manter um diálogo constante com órgãos governamentais, associações e outros stakeholders, assegurando que as necessidades e demandas do setor portuário sejam ouvidas, promovendo a competitividade e a eficiência das operações portuárias. O Sindicato também se empenha em garantir a infraestrutura terrestre e aquaviária necessária e um ambiente regulatório favorável ao desenvolvimento das atividades no Porto.

O Porto de Santos se destaca principalmente pelo seu porte e localização privilegiada, além de ser um porto multipropósito de extrema importância para o comércio exterior brasileiro. Ele opera uma ampla variedade de cargas, incluindo granéis sólidos e líquidos, carga geral solta, carga conteinerizada e cargas de projeto, e ainda abriga o principal Terminal Marítimo de Passageiros do país.

O Porto de Santos é o maior porto brasileiro em termos de movimentação de contêineres e de granéis sólidos vegetais, sendo responsável historicamente por pelo menos 30% da balança comercial brasileira e conecta mais de 600 destinos. Em 2024, segundo dados da Autoridade Portuária de Santos, o porto alcançou um recorde impressionante: 179,8 milhões de toneladas movimentadas entre janeiro e dezembro, incluindo 5 milhões de TEUs.

Para comportar o grande volume de importações e exportações, além de um canal de navegação com atuais 15 metros de profundidade e 25 km de extensão, ao longo do qual foram construídos 16 km de cais, o porto conta com um amplo sistema de acessos: sistema rodoviário, ferroviário e malha dutoviária.

A sua localização privilegiada, a apenas 70 km do maior centro econômico do Brasil, o Estado de São Paulo, contribui para a eficiência logística, garantindo-lhe uma posição estratégica e fundamental para o escoamento de bens e mercadorias das principais regiões produtoras do Brasil, incluindo São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, sendo o principal porto exportador de açúcar, soja e milho, e o segundo maior porto importador de trigo no Brasil.

O Porto enfrenta desafios com a infraestrutura de acessos e a modernização das relações trabalhistas. A descarbonização das operações e a adaptação a novas fontes de energia também são prioridades.

O setor portuário global enfrenta um grande desafio em relação à adoção de soluções energéticas mais eficientes e menos poluentes. Em Santos, não é diferente. O Porto também possui a importante tarefa de adotar fontes renováveis de energia, a fim de reduzir o impacto ambiental, sob o risco de perder competitividade no mercado.

A questão da infraestrutura de acessos terrestres e aquaviários também é uma demanda crucial. Nos últimos anos, os operadores portuários têm investido bilhões de reais em infraestrutura, automação, tecnologia e treinamento, objetivando atender às crescentes demandas do mercado mundial e se tornarem cada vez mais competitivos e eficientes. No entanto, ainda assim, são penalizados com a falta de infraestrutura além dos limites de seus gates.

Todas essas demandas exigem vultuosos investimentos e um planejamento coordenado do setor, sendo extremamente necessário que o Governo Brasileiro intensifique seus esforços no planejamento de políticas públicas que apoiem o setor, inclusive com a definição clara sobre como os custos dessa transformação serão financiados.

Além disso, a crescente demanda tecnológica exige maiores investimentos em capacitação e treinamento humano para lidar com as novas tecnologias. De modo geral, essas são as principais demandas para atender às novas exigências do mercado global, ampliando a participação dos portos paulistas no comércio internacional.

O futuro de Santos e do Porto de Santos estará indiscutivelmente conectado às exigências globais de sustentabilidade, inovação e desenvolvimento social. Investir em tecnologia e infraestrutura verde, alinhando-se às melhores práticas ESG, será essencial para assegurar a competitividade e a relevância da cidade e do porto no cenário mundial.

O Brasil, uma das maiores potências agrícolas do mundo, tem atraído a atenção global, e, nesse cenário, o Porto de Santos ocupa uma posição estratégica nas exportações do país. O porto abriga gigantes do setor, reconhecidos mundialmente pela exportação de grãos, os maiores exportadores de suco de laranja do planeta e os principais operadores de contêineres do Brasil. Há um esforço conjunto da comunidade portuária para garantir o crescimento sustentável e a modernização da infraestrutura, em virtude da relevância estratégica do porto para o comércio internacional.

O progresso dos portos paulistas também traz benefícios diretos para as cidades da Baixada Santista. A atividade portuária é responsável atualmente por gerar cerca de 50 mil empregos diretos e indiretos para a população. Outro exemplo claro de seu impacto econômico positivo é que cerca de 65% da arrecadação tributária da cidade de Santos provém das empresas que operam no Porto de Santos, contribuindo significativamente para o desenvolvimento local e para a melhoria da qualidade de vida da população.

Embora o porto enfrente limitações naturais, o futuro de Santos e do Porto de Santos se apresenta promissor. Com os esforços contínuos em andamento, espera-se que o porto continue a desempenhar um papel crucial no comércio internacional, ao mesmo tempo em que impulsiona o desenvolvimento econômico e social da região.




Article reference for citation:

GONÇALVES, Adilson Luiz. “O Porto de Santos na visão do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo. Entrevista com Régis Gilberto PRUNZEL”. PORTUS | Port-City Relationship and Urban Waterfront Redevelopment, 49 (June 2025). RETE Publisher, Venice. ISSN 2282-5789.
URL: https://portusonline.org/the-port-of-santos-in-the-view-of-the-syndicate-of-port-operators-of-sao-paulo-interview-with-regis-gilberto-prunzel/



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