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Valor do conhecimento, colaboração e troca de ideias na experiência RETE
Gostaria falar um pouco da sorte que me bafejou há mais de 1/4 de século, ao me permitirem entrar e partilhar o mundo fascinante e desafiante da RETE.
O saber, a amizade, a cultura, a divulgação de boas práticas, o calor da proximidade na abordagem dos temas em análise, são valores e conceitos que presidem sempre às abordagens feitas pela RETE, não têm preço e não tem igual, nem se encontram na generalidade das organizações por onde passei.
A desmistificação de erradas ideias de que era inevitável e incontornável, dando como certo e adquirido a existência duma “péssima” relação entre “porto e cidade” (um Mito) e que aliás a RETE, em boa-hora criada há quase 30 anos vem contrariando ao semear boas práticas e soluções, promovendo debates e ajudando à resolução de complexos problemas, deitando mão a uma estreita colaboração entre toda a “Famíla RETE”, na superação dos “escolhos e pedras do caminho” que sempre nos aparecem pela vida fora.
Os “portos e as suas cidades, ou por outro lado, as cidades e os seus portos”, umbilicalmente ligados pois dependem um do outro, são motores do desenvolvimento da Região e do País, e não fogem à regra — os problemas existem e aparecem, há que ter arte e vontade para os ultrapassar, bem como procurar as melhores saídas e soluções para o bem comum.
É aqui que a RETE, sem paralelo a nível mundial, tem mostrado a sua valia na procura conjunta de soluções, na troca de ideias, na abordagem sistemática e profunda que a incontornável dinâmica destas cidades portuárias e os seus portos criam, no bom sentido, são problemáticas que muitas vezes passam apenas por uma abordagem de braço-dado.
Matosinhos e o porto de Leixões são disso um exemplo, com provas dadas e um reconhecimento geral duma profícua vivência conjunta, aplicando-se aqui com propriedade “A cidade gosta do seu porto e o porto gosta da sua cidade”.
A RETE não pode perder o seu espírito original e a sua forma peculiar de estar, a proximidade e o calor na abordagem dos diversificados temas que sempre perseguiu, procurando e propiciando condições para uma franca troca de experiências, de saberes, de especificidades próprias de cada cidade/porto e da sua necessária boa relação.
A malfadada COVID e a constante fragilidade económica que milita por esse mundo fora, veio dar uma machadada nos últimos anos neste “modus faciendi”, prejudicando a riqueza humana da troca de galhardetes, arrefecendo alguma amizade menos consolidada e impedindo a prossecução do tratamento das relações dos cidadãos com os seus portos.
Retomemos o mais rápido possível o bom caminho e os insubstituíveis e desejados Encontros/Debates presenciais! Não se tira o mérito do enorme esforço que se tem desenvolvido procurando vias alternativas que, recorrendo às meteóricas evoluções dos meios informáticos, tem permitido brilhantemente manter viva a RETE – mas como se tem defendido, é vital o retomar dos seus princípios e métodos que a identificam e distinguem de outras organizações, revisitando amizades, sítios e promovendo encontros presenciais que são a “nossa alma”.
E aqui, já que estamos a falar da nossa alma, e nos seus marcos identitários, deixem-me “puxar a brasa à minha sardinha” – uma das suas características mais ímpares, saudadas e reconhecidas por todos, têm sido as suas excelentes publicações, que ao longo de 3 décadas vêm passando para o papel o caminho percorrido.
Compreende-se que os tempos são outros e que os meios digitais permitiram ágilmente suprir a incapacidade económica e as dificuldades logísticas da distribuição, mas não conseguiram substituir plenamente a bem-querida e relembrada revista “PORTUS” que muito contribuiu para deliciar e ensinar todos os que gravitam à volta das cidades portuárias. – os cidadãos comuns, os que por lá trabalham, os portuários, os universitários, os investigadores, os políticos, a cultura em geral.
Se possível dever-se-ia manter, no mínimo um número anual em papel, que permitisse o acesso a todos numa forma mais pausada e “sempre à mão”, visualizando-se o papel e as acções que a RETE desenvolveu, bem como as realizações previstas. É só um desabafo e uma sugestão!
IMAGEM INICIAL | Seminário Internacional Relação Cidade Porto “El Estrecho – Le Detroit”. Tânger, 5-7 de novembro de 2016. (Fonte: Arquivo RETE).